sexta-feira, 18 de maio de 2007

Para os trabalhos dos alunos

Discrimino sugestões para a estruturação dos vossos trabalhos e do modo da sua exposição, definindo os aspectos que servem de base aos critérios de avaliação:

1. Introdução
1.1. Apresentação da equipa e do tema
2. Desenvolvimento do tema
2.1. Razões da escolha do tema
2.2. Especificidade do tema
2.3. Exploração do tema
2.4. Conclusões
3. Debate
3.1. Abordagem de outros temas relacionados
3.2. Questões em aberto para debate

quinta-feira, 17 de maio de 2007

VERDE QUE TE QUERO VERDE OU CORAÇÃO DE ALUMÍNIO?

(A pedido de alunos, quanto a poder haver comentários em português sobre o documentário de Luis Sepúlveda visualizado nas aulas, publico a comunicação que fiz no momento em que este documentário foi exibido numa associação com sede em Lisboa, no ano de 2004).

[Comunicação oral]:

Em finais de Agosto de 2001 apresentou-se o estudo de impacte ambiental do megaprojeco Alumysa. O estudo foi entregue às autoridades chilenas, à COREMA (Conselho Regional do Meio Ambiente). O megaprojecto, de origem canadiana, incluia 3 centrais hidroeléctricas com 6 represas, 79 km de linhas de alta tensão, 54 km de caminhos novos, a construção de 800 novas moradias e a chegada de milhares de pessoas de fora, à região. O estudo de impacte ambiental ocupou, durante oito anos, 50 profissionais de valências diferentes. Previa-se, também, a inundação de mais de 10000 hectares de natureza pristina, conforme adianta Peter Hartman, um ds ecologistas opositores.

Mas o que é a natureza pristina? É aquela que permanece imune ao contacto humano, é a natureza original. Mas onde representamos nós essa origem? Muito para aquém de nós, para aquém de qualquer apropriação humana. Na natureza pristina, é verdade, não há cultura humana, pois cultura é aquilo que nós acrescentamos à natureza e tem a ver com as formas de ocupação humana e os usos dos solos. Deixámos de falar de natureza, passámos a falar de territórios, de espaços humanizados, demarcados pela posse e o uso.

Em Outubro de 2001 a Alianza por Aisén Reserva de Vida (Aisén é uma pequena comunidade com cerca de 18000 habitantes) apresentava publicamente a sua oposição ao megaprojecto e apreciava o estudo de impacte ambiental: que estava em causa a região mais pequena e mais isolada do Chile, que o megaprojecto não trazia riqueza, mas destruição, que o metal refinado saía do País, mas ficavam os resíduos perigosos, as emissões, os afluentes contaminados. A empresa canadiana, em causa, defendia-se: que o investimento na região mais que duplicava a riqueza ali produzida, que se criavam cerca de 1000 empregos directos, mais 5000 empregos indirectos, haveriam novas rodovias, um porto, um aeroporto e escolas.

A relação que a população de Aisén mantém com a terra faz dela o seu suporte directo, instrumental, de uma razão de sobrevivência: turismo, criação de gado e pesca de salmão. Comunidades pequenas podem viver numa relação de uso directo da natureza, e as povoações estão ligadas aos seus hinterlands. Mas que há de natural numa pequena povoação? Que há de próximo da natureza numa aldeia? Ecologistas e pescadores estiveram do mesmo lado da fronteira, mas a globalização dos riscos ambientais também tem imposto quotas de pesca, salvaguarda de stoks. Os mesmos ecologistas acusavam estes mesmos pescadores de contaminarem a marina e de matarem as focas!!!

Os pescadores têm, contudo, enfrentando a ameaça da alteração bruca dos ecossistemas quando entram em jogo grandes infra-estruturas que alteram o seu modo de vida e arruinam os recursos dos quais dependem. Em Aisén. Como na Trafaria com dois projectos reprovados, sujeitos a estudo de impacte ambiental, um sobre o fecho da golada do Tejo e outro sobre a extensão da fábrica poluente Copróleo. O que está em causa? Não somos todos predadores, ou é uma questão de escala? Escalas diferentes fazem toda a diferença, mas a atitude humana é essencialmente predatória. A poluição é o preço de sermos tantos e tão urbanos, tão civilizados. A natureza... O que é a natureza? É aquilo que é anterior a nós, e sobreviverá depois de deixarmos de existir.

Sessenta dias tiveram os habitantes de Aisén para comentar os 24 volumes do estudo de impacte ambiental, de conteúdo tecnicamente apurado. O que o documentário discrimina, e bem, é um sistema de actores e os seus respectivos interesses em torno de um diferendo ambiental: actores com competências diversas, com percursos de vida diferentes e diferentes recursos de efabulação. Parece que assistimos a um confronto entre as especificidades de um local e as tendências hegemónicas do global, entendendo-se o global como uniformizador, normalizador. Não é. O global é a possibilidade da maior divergência, da experiência das alternativas mais distantes e próximas que fundamentam uma consciência cívica. Mas esta lição não nos veio do global. Chegou até nós desde Aisén, embora aquela pequena comunidade não possa resistir aos processos da globalização.

Os colonos de Aisén, como Romilio Villalobos, com 50 anos de vida, que aos 23 casou com Sandra Santos, filha da primeira professora da região, podem continuar na sua propriedade. Têm 4 filhos. Sandra tornou-se empresária. Romillio continua criador de gado. A globalização não foi vencida: a carne argentina invade o Chile e muitos criadores de Aisén têm que mudar, hoje, de actividade. Sandra dirige uma empresa de turismo. Três dos seus quatro filhos frequentam a universidade e moram longe, e há que fazer negócio. A ideia de Romilio é levar os turistas a visitar a sua propriedade, a cavalgar por montanhas. Levar os turistas a realizar tarefas camponesas como guardar os rebanhos e marcar o gado. Curiosamente, a especificidade da cultura camponesa torna-se válida para um turismo globalizado, e as montanhas e os rios tornam-se paisagem para urbanitas viajantes à procura da natureza perdida e do pitoresco do bife em sangue.

Sem dúvida que está em causa a participação pública e a discussão dos modelos de desenvolvimento, os métodos da avaliação de impactes ambientais e sociais de grandes obras, e o mal da dupla injustiça (um mal nunca vem só): a uma desigualdade social vem juntar-se uma desigualdade ambiental, e os Países mais pobres recebem as indústrias mais poluentes. A empresa Noranda está catalogada como uma das mais poluentes do mundo, no próprio Canadá foi multada por cerca de 90 violações das leis ambientais. Mas o Canadá, como os Países desenvolvidos, duma forma geral, protegem o ambiente, adensaram as suas políticas de preservação da natureza, aprovaram políticas ambientais rigorosas.

A ecologia é um guião emancipatório ou um luxo para as minorias que desfrutam do conforto dos Países tecnologicamente mais avançados? Criam-se reservas naturais à medida que os processos tecnológicos nos vão libertando da dependência dos campos, protegemos a natureza à medida que deixamos de depender do seu uso directo. Entre aprisionar salmões para o prato ou construir barragens há uma diferença, apesar de tudo, de escala e de impacte.

Depende do ponto de vista.

(Para o salmão, tanto faz!).

Comentários ao filme Corazón Verde, de Luis Sepúlveda (2001)
CICLO DE CINEMA AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO
MUSEU DA REPÚBLICA E DA RESISTÊNCIA
LISBOA, 11 DE MAIO DE 2004

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Aulas de dúvidas

Podemos reservar parte das aulas dos próximos dias 4 e 5 de Junho para dúvidas ou questões que queiram colocar sobre a Frequência.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Documentário de Luis Sepúlveda

Para possibilitar o acesso a diversa informação sobre o caso Alumysa, obra projectada para a região de Aísen no sul do Chile, e que sustentou o documentário do escritor Luis Sepúlveda que visualizámos na aula do dia 14 de Maio corrente, indico algumas referências privilegiando uma leitura orientada para a oposição ao projecto, os tipos de argumentação e os intervenientes de modo a situar um caso de conflito ambiental:

http://www.aida-americas.org/aida.php?page=alumysa

http://www.sociedadcivil.cl/noalumysa/portada/default.asp

http://www.norandaaluminum.com/index.html

http://www.greenpeace.org/raw/content/international/press/reports/noranda-from-canada-to-patago.pdf

http://cpppcltrust.tripod.com/ecologyactionsydney/id5.html

Diário de Aísen:
http://www.diarioaysen.cl/
Sobre o documentário:
http://www.centraldocinema.it/Recensioni/Mar03/corazon_verde.htm

Grupos de trabalho e apresentações

Com o objectivo de se agendarem as apresentações dos alunos solicita-se o registo dos grupos de trabalho constituídos e dos respectivos temas (devem usar o espaço reservado para «comentarios»).
Obrigado.

1º e 2ª chamadas (Frequência)

Devido a incompatibilidades de horário a propósito da data da frequência, realizar-se-ão duas chamadas: a primeira no dia 11 de Junho (18-20h), e a segunda no dia 12 do mesmo mês conforme previsto (8-10h.).

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Data da Frequência

Informo que, devido à recente orientação para a marcação das Frequências durante o período de aulas, a Frequência em Sociologia do Ambiente encontra-se agendada (salvo indicação em contrário) para o próximo dia 12 de Junho (8h.-10h. da manhã).